sexta-feira, dezembro 18, 2009

- teste das cores;

Teste das Cores
Como você opera, age, frente aos seus objetivos e desejos:
Ocupa-se fácil e rapidamente com qualquer coisa estimulante. Preocupado com coisas de natureza intensamente emocionantes, sejam elas estimuladas por erotismo ou por outro meio. Quer ser considerado como sua personalidade emocionante e interessante, com influência totalmente encantadora e impressionante. Usa táticas inteligentemente para não prejudicar suas possibilidades de sucesso ou solapar a confiança adquirida.

Está sofrendo de superestimulação contida, que ameaça descarregar-se numa explosão de comportamento impulsivo e arrebatado.

Suas preferências reais:
Procura compartilhar de uma ligação de intimidade compreensiva em atmosfera estética de paz e ternura.

Necessita de paz e tranqüilidade. Deseja um cônjuge amante e fiel, do qual possa exigir consideração especial e afeto incondicional. Se essas exigências não são satisfeitas, é capaz de se afastar e isolar-se de todo.

Sua situação real:
Sente que está recebendo menos do que lhe é devido, mas que terá de conformar-se e adaptar-se a sua situação.

Está disposto a envolver-se emocionalmente e é capaz de conseguir satisfação na atividade sexual.

O que você quer evitar:
Interpretação fisiológica: Tensão e ansiedade devidas a conflito entre esperança e necessidade, seguido de desapontamento intenso. Interpretação psicológica: O desapontamento e as esperanças irrealizadas têm dado origem a uma incerteza angustiante, enquanto duvida de que as coisas melhorarão no futuro, o que o leva ao adiamento de decisões essenciais. Este conflito entre esperança e necessidade está criando considerável pressão. Em lugar de resolvê-lo, enfrentando corajosamente a tomada da decisão essencial, é capaz de empenhar-se na busca de trivialidades como meio de fuga. Em suma: Vacilação causando frustração.

Interpretação fisiológica: Tensão resultante do esforço para ocultar preocupação e ansiedade sob um manto de confiança em si mesmo e despreocupação. Interpretação psicológica: A situação atual é desagradável. Sente-se solitário e incerto, já que tem uma necessidade insatisfeita de se aliar a outros cujos padrões sejam tão elevados quanto os seus e de sobressair acima do comum. Esta sensação de isolamento exagera sua necessidade, transformando-a num impulso irresistível, ainda mais perturbador para sua auto-suficiência devido ao controle que normalmente se impõe. Como quer demonstrar a qualidade singular do seu próprio caráter, tenta esconder a falta que sente da presença de outras pessoas e finge uma atitude despreocupada confiança em si mesmo para oculta seu medo de inadequação, tratando com desprezo os que criticam seu comportamento. Todavia, debaixo dessa capa de indiferença, realmente anseia pela aprovação e estima de outros. Em suma: Desapontamento aparentando indiferença.

Seu problema real:
O desapontamento e o medo de que não vale a pena formular novas metas têm levado à ansiedade. Está angustiado com a falta de qualquer relação íntima e compreensiva. Tenta fugir para um outro mundo onde esses desapontamentos desaparecem e as coisas estão mais a seu gosto.

O desapontamento e o medo da impossibilidade de formular novas metas têm-no levado à ansiedade, a um vazio e a um desprezo inconfessado a si mesmo. Sua recusa em reconhecer essa situação leva-o a adotar uma atitude voluntariosa e desafiadora.

www.bne.com.br

quarta-feira, dezembro 16, 2009

- gravidade;

Ali, deitada no chão frio, observando cada grão de poeira que pairava sob o
chão - estranhamente frio para um dia tão quente - o mundo fez menos sentido que
o normal. Quanto tempo estava aqui? Tudo parecia passar rápido, simplesmente o
contrário do que geralmente acontece nesses momentos de tensão. O que, afinal,
eu fazia ali? Não sei, mas parecia que o chão havia duplicado a sua força
física, a gravidade estava ainda mais forte. No fundo, do coração ou da
consciência, talvez eu achasse que o chão era o meu lugar - mesmo que eu não
soubesse exatamente o porquê.


Há coisas, alias, há momentos que a lógica perde a sua racionalidade. Um dia normal - que é diferente de feliz, já que esse é um termo não adequado a muitas pessoas - que é seguido de outro absurdamente oposto. Como pode alguém dormir, sem nenhum sentimento dominando, e no outro dia acordar como a pessoa mais miserável do universo? Tão inquietante pensar num processo absurdo, assim como é impossível entender como pode existir um sentimento como esse. Ninguém pode ser tão ruim a ponto de ser tão odioso... mas o racionalismo, aqui, não tem muitos efeitos.
Um dia que se segue com dúvidas ridiculas, já que nada disso deveria ser possível. Contudo, é inegável a irritação e o desejo de se afastar. Consciêntemente sabe-se que é impossível ser causa de sentimentos como esse, mas quem disse que a consciência tem algum poder de fala? São os sentimentos mais internos, ligados sabe-se lá a quais situações, que governam o que suas ações teram como significado.
O dia acaba, com um grande alívio, e quem sabe tudo isso não passou de um pesadelo. Um dia ruim, nada mais, que irá embora da mesma forma que surgiu. Mas novamente tenho que dizer, quem disse que há algo racional nesse conto? O próximo é ainda pior. Já não existem aquelas perguntas questionando o quão absurdo é o sentimento que te dominada, agora existe apenas a certeza - a certeza de que realmente merece cada uma daquelas gotas de sofrimentos que está inflingindo a si mesmo. Irracional, mas incontrolável. É aquele momento cuja lembrança traz a tona cada comentário que ouviu, recordando como as pessoas dizem que passar por isso é uma questão de escolha. Claro, quem não escolheria humilhar a si mesmo, castigar-se como a culpa dos problemas universais fossem interamente sua? Sim, fica muito claro como isso é uma escolha, não consigo imaginar como alguém não escolheria passar por tudo isso...
Algo, pelo menos, é novo: não há lágrimas. Talvez porque a vida tenha sido tão parcial, que todas as lágrimas tenham escorrido durante os anos, e agora tudo se mostre através de uma dor silenciosa - sinceramente, as lágrimas eram melhores. É um olhar vago, entre pensamentos coerentes e outros que não possuem uma classificação suficientemente clara para expressar seu significado. Dias em que se acorda já pensando na hora de dormir, e todo o período entre esses dois fatos é jogado fora - inútil.
Lá esta o chão frio, com certa poeria, recebendo a luz do Sol irritante que persiste em atormentar. A solidão, que foi procurada, e falta de fome parece algo normal - desnecessário pensar em suprir tais necessidades. Se esta sofrendo, porque arrastar mais alguém para seu precipício? Exatamente porque você pensaria em comer, quando não se pensar em resistir mais um dia? Não é desejar a morte, ou a vida, é pior - a indiferença é sempre pior do que o sentimento.
Depois de dias, dos maramos e do sentimento de inexistencia, cria-se a necessidade de sorrir. Quanto maior é a tentativa de isolamento, de se manter na mais real solidão, maior é o peso da tentativa de uma pessoa em particular. Aquela única pessoa te força a sair daquele momento; não é necessariamente sair, mas pelo menos te faz agir como um humano. O novo ciclo da mentira, cuja arte aplica-se a si mesmo e aos outros. Um preço alto, ignorado por qualquer um que não seja a própria pessoa.
É tão importante continuar, quando o único motivo são so outros, sabendo que esse ciclo via cumprir o seu papel de retornar? É uma questão que eu sei a resposta de grande parte das pessoas, da mesma forma que fica obvia que são pessoas que jamais estariam nessa situação - não passa perto da forma de pensar de alguém que esteja inserido nessa jaula. Talvez aqui, quando se vê preso a algo superior a sua vontade, a sua própria força, que aquela atração pela Terra tem algum sentido - as explicações ficam no ar.

quinta-feira, outubro 22, 2009

- recomeço;

Pior que mentir.
é mentir pra si mesmo.
É como não ter pra onde ir.


Qual é o pior momento vivido: o erro ou o recomeço?Há quem diga que a pior parte é ter que admitir o engano, embora não tenho plena consciência que o problema nunca é exatamente esse. O velho ditado popular, de hoje e sempre, dá conta que errar é humano, e essa máxima é absolutamente verdadeira. A questão nunca é ter cometido tal falta, não é disso que se tem vergonha. Enganar-se é apenas demonstrar o quão frágil é a figura humana, tão suscetível a erros quanto a acertos.

Mas, a tensão ainda reside sobre o mesmo ponto: o recomeço. O processo de admitir a falta realmente pode ser dolorido, e impede muitos de fazerem os consertos. Talvez até dê a impressão de contradição, mas não há. As pessoas têm medo de admitir, pois sabem que isso a levará ao próximo passo: o recomeço.

Não importa qual sentimento está envolvido, essa vai ser a dor mais intensa e latejante que se pode ter. Ela começa assim que a consciência, ou a vida, te mostra o degrau do tropeço. Pode-se fugir, ignorar ou até mesmo tentar conviver com a culpa, mas nenhuma dessas coisas tem a capacidade de amenizar os efeitos daquela dor. É nesse momento - que pode levar tempo, ou ser rápido, tudo depende do quanto a consciência de cada um é mais ou menos ativa -, que se tem a nítida impressão de poder fingir que nada aconteceu, é que se percebe o quão errado se está.

A vida continua seu percurso, sem cobrar pelo que se faz. Será? Um dia, e sempre há esse dia, chega-se ao ápice do que é humanamente possível suportar. Novamente se têm a escolha: consertar ou enlouquecer. Absurdo, aparentemente, mas qualquer analise breve do passado vai mostrar exatamente esses fatos. As pessoas fogem do que não gostam de lembrar, até que um dia isso explode diante dos olhos, impossível de conter. A parte de enlouquecer, as vezes, acompanha o conserto - o preço, muitas vezes, é alto demais.

Assim se tem o recomeço, quando se dá a chance - a oportunidade de voltar a viver. Embora a palavra 'conserto' transpareça o sentido de refazer - arrumar - o engano, não é nesse sentido que ela se faz presente. Não se pode voltar no tempo, ou seja, não há como desfazer/refazer uma atitude. O resta, a cada um, é recomeçar de onde havia parado. Levar a vida de uma nova forma, de modo que aquele erro realmente fique no passado e nunca mais se comenta algo do mesmo gênero.

Mas a vida não é fácil, nada é simples. Por todo lado, a cada segundo, uma rasteira insuportável e desanimadora. Por vezes se encontra pessoas pelo caminho que defendem aquelas teorias obsoletas, tão óbvias de estarem além da realidade, que possuem a intenção de conferir apoio, mas nem sempre alcançam o objetivo. "Cair, mas sempre levantar", combina mais com música para Carnaval fora de época, do que com a própria vida. É evidente que se tem que encontrar forças para retornar ao caminho traçado, mas não se deve presumir que tal coisa seja simples ou fácil. Novamente temos o mesmo conceito anterior: a dor não é cair, é conseguir achar forças para levantar.

O recomeço, em si, é dolorido e desafiador quando se vê a vida colocar obstáculos durante o percurso. Quando finalmente adquire a força necessária para voltar a respirar, diversos serão os momentos em que situações tiraram o fôlego. E conforme insistir em tal caminho, quanto mais confiante que a coisa certa é persistir, mais vividas se postaram as adversidades.

Uma conclusão pessimista? Prefiro dizer que é apenas realista. Se o pior momento é o recomeço, o melhor deve ser a vitória. Nada deve ser mais doce do que conseguir olhar para trás e ver que apesar de tudo, da dor que foi sentida e das cicatrizes existentes, conseguiu-se superar o inimaginável. É chegar no fim do trajeto e ter orgulho, dessa vez pelo motivo correto, de ter sido mais forte que todos os encalços que se fizeram presentes. Talvez o correto não seja usar esse final como incentivo para prosseguir, já que esse deva partir de cada um, mas qual o dano de se olhar por todos os lados? Se depois de toda tempestade vem o belo dia de Sol, que depois de tanta dor se poste a felicidade - não eterna, mas o mais duradora possível.

Uma teoria, é verdade, mas também um desejo. Uma esperança.

quarta-feira, outubro 14, 2009

- eclipse;

- Você realmente tem alguma idéia do quanto é
importante pra mim? Algum conceito do quanto eu te amo?
Ele me segurou com mais força contra o peito, colocando a
minha cabeça embaixo do queixo dele.
Eu pressionei meus lábios no pescoço frio como neve dele.
- Eu sei o quanto eu amo você, eu respondi.
- Você está comparando uma pequena árvore a uma floresta inteira.
Eu revirei meus olhos, mas ele não podia ver.
(Eclipse - Stephenie Meyer)


Pela janela do meu quarto eu vejo a chuva
Penso em você, no meu amor que nunca muda!
Espero o dia inteiro e você não vem...
amor igual ao meu não vai ter de ninguém.
Nas esquinas escuras de qualquer lugar
Já não sei mais aonde procurar,
Pra te dizer as coisas que eu sempre quis.
Te roubar pra mim e te fazer feliz!
Não sabe o que é ter esquecer,
Cada minuto, cada instante que passei com você.
Pra que dizer que não é feliz?
E esconder da sua vida o que você sempre quis!
(....)
E se um dia, eu for reencontrar..
Se encontro aqui, eu ter que ir buscar
Esse amor que nunca vem...
Se não você, não quero mais ninguem!
For Dj <3

terça-feira, outubro 13, 2009

- perfeccionismo;

O relógio despertou, exatamente,
às 05:20 da manhã.

Seria o horário normal de ir para a faculdade, mas hoje não tinha aula. Acabei ficando sem conseguir voltar a dormir, e resolvi caminhar pelo condominio. Um frio congelante, totalmente impróprio para a roupa que vestia, mas ao mesmo tempo era como uma chave que abria as portar para tudo aquilo que eu evitava. Caminhei por toda a extensão, as ruas vazias, mas acabei voltando para a entrada do bloco. Apenas eu e a Cami, a gata mais carente que encontrei em toda a vida.

Foi estranho, realmente estranho. Acho que poderia jurar que ela me olhava de uma forma diferente, ou talvez eu é que passei a olhar as coisas de uma forma diferente. Nem sei quanto tempo passei ali, sentada, apenas esperando o Sol nascer e se postar de forma dominante no céu. Queria poder dizer que foi lindo, mas eu me sentia tão mal que não teve qualquer beleza.

Pensei em cada dia que vivi nos últimos tempos: nas alegrias e nas tristezas. Revi as fisionomias de cada um com quem tive algum contato, tentei lembrar se estavam felizes ou infelizes - e daqueles aos quais eu havia apenas conversado, apenas imaginei como seria as mesmas expressões. Um balanço de fim de ano, antes que chegássemos ao término do décimo segundo.

Há de se estranhar o porquê fiquei triste, já que pareço mostrar felicidade para todos os lados. De fato, talvez eu esteja mais feliz do que estive nos últimos meses, mas me dei conta que estou pagando um preço muito alto para ter isso. Vejo-me roubando o direito de escolha alheio, apenas para ter o que eu quero. Sofri tanto, sendo o que os outros queriam, que agora percebi que o papel se inverteu: sou eu que exijo dos outros atitudes que estejam de acordo com o meu padrão, como se todos fossem apenas bonecos da minha boa vontade.

Parece fácil, então, que após entender isso seria fácil mudar. Mas não é. Senti aquelas lágrimas tão carregadas de dor, em uma tentativa de eliminar um pouco do peso da minha consciência, só que pela primeira vez isso nem passou perto de aliviar todo o peso qque eu estava carregando. Percebi que só existia uma forma de tirar tudo aquilo de mim mesma, e seria modificando o jeito de levar as coisas. Mas ai jazia a dificuldade. Nunca tive problemas em admitir que estava errada, e nem muito menos para fazer o que era necessário para mudar. Entretanto, quando isso envolve outras pessoas, é tudo tão mais complicado!

Tentei agir corretamente, mas porque isso não está me trazendo a paz que deveria? Quer dizer, cadê aquele alivio que as pessoas sentem quando percebem que fizeram a coisa certa? Não, eu sinto justamente o contrário, apenas sinto-me ainda mais culpada pelos meus próprios erros e fraquezas - porque sou obrigada a ver que quanto mais tento romper minha ligação com algumas pessoas, mais atreada estou as mesmas. Sinto-me brincando com sentimentos puros, apenas porque não sei lidar com todos eles. Ao mesmo tempo um medo intenso de perder tudo aquilo que, a príncipio, eu nem mesmo queria!

O meu perfeccionismo apareceu ainda mais forte, mais irritante. Pensar que eu não sei ser a namorada perfeita, e que nunca vou cnseguir. Ter que enfrentar a realidade e notar que nunca vou chegar perto de ser a amiga que eu tanto queria ser. E o pior não é pensar que não vou chegar nesses níveis, e sim ter que ver que eu exijo justamente isso das pessoas. Não que eu queira a perfeição, não dos outros, mas de alguma forma sinto que a minha felicidade está ligada a determinados perfis de pessoas. O namorado romantico/ciumento ou a amiga dedicada e alegre, as figuras que eu preciso ter na minha vida, que eu exijo ter na minha vida, mas não me vejo fazer 'por onde' merecer companhias assim. Egoísta, exigente e estressada, como alguém assim poderia ter pessoas assim?

E ai eu olho pra dentro e vejo que não vou mudar. Ao contrário do que as pessoas dizem, nem sempre se tem condições de superar seus defeitos e ser uma nova pessoa. Eu sou assim, a vida me transformou nisso, e só ela pode me mudar novamente. Aí eu sinto novamente as lágrimas tentarem esvaziar um peso que eu já não aguento mais, o peso de ser obrigada a me isolar. Eu não posso exigir das pessoas, e também não posso ser o que elas merecem. O que me restaria se não fosse viver sozinha, no mundo escuro que eu criei, apenas para proteger aquelas pessoas que eu tanto amo, de serem subjugadas á coisas que não merecem? Pergunta retórica, sem resposta.

domingo, outubro 11, 2009

- insegurança;

(Wake me up) Wake me up inside
(I can't wake up) Wake me up inside
(Save me) Call my name and save me from the dark
(Wake me up) Bid my blood to run
(I can't wake up) Before I come undone
(Save me) Save me from the nothing I've become

Algumas pessoas sofrem de um mal absurdo: o medo da felicidade. Digo absurdo, porque entendo que todos a queiram – mesmo que no fundo eu discorde – e mesmo assim reconheço que algumas fujam dela com todo o empenho que uma alma possa produzir. Nem bem a conquistam, e já a consideram um inimigo forte demais, e desistem.

Não é o próprio medo da felicidade, mas de vê-la partir, mais uma vez. Aquela apreensão de notar o sofrimento tão perto, que é preferível sofrer por ter que suprimi-la do que ter de vê-la partir. A dor da perda, da partida, do fim. Simplesmente fantasias, criadas por um medo antigo, a própria insegurança, a incapacidade de se ver digno de tal felicidade. Talvez realmente sejam absurdos de um coração sofrido, ou então o entendimento daquela realidade. Como diferenciar uma insegurança de uma intuição? Queria poder chegar uma resposta, a algo que realmente delimitasse a linha tênue que as separam.

Uma luta ferrenha entre id e o superego, e o pobre do ego fica sem saber para que lado pender. Uma explicação psicanalista que não consegue transpor qualquer qualidade, porque a ciência passa longe de conseguir explicar sentimentos. É isso que eu devia entender, e por assim dizer, aceitar? Uma luta dentro da mente, o instinto contra o que eu recebi da vida? É tão simples assim explicar um comportamento humano, alias, um sentimento humano? Porque se essa é a resposta, Freud poderia ter dito também como resolvê-la, explicar onde está o problema. É, mas ele respondeu, de uma forma estúpida, mas respondeu.

Infelizmente o psiquiatra não está aqui para dizer o rumo a seguir. Mais uma vez só o reflexo no espelho terá alguma condição de lhe dizer o que fazer, uma escolha solitária. Poderia até dizer que a dúvida é o medo de provocar o sofrimento alheio, e não o pessoal. Mas até onde isso é verdade? Não, o mais correto seria perguntar o que veio primeiro: o medo pessoal de sofrimento ou de causá-lo em alguém? Se ainda fosse qualquer pessoa, a preocupação seria menor, mas e quando é a pessoa que mais se tem interesse em tornar feliz?

Perguntas demais, para poucas respostas. Medos demais para algo que deveria causar justamente o oposto, que teria que trazer a paz em seu sentido mais pleno. Ainda mais crítico quando se pensa que o problema não está nos outros, mas em você mesmo, pois é em você que cada uma dessas fantasias começam e nunca encontram um fim. Barreiras gigantescas que você cria para proteção, mas percebe que as criou justamente como teste: uma prova de que a alguém terá a capacidade de derrubá-las. Enquanto elas permanecem tão sólidas, a tal insegurança e incapacidade de felicidade perduram, irredutíveis.

A questão é que ninguém tem como obrigação cumprir percursos criados por outros, atitudes assim passam longe da justiça. Como você pode cobrar de outro algo tão absurdo? Como é que se destroem tudo aquilo que foi erguido com tanto cuidado, justamente para evitar novos sofrimentos?

Medos, inseguranças e barreiras que ficam sem respostas. Coisas que levam a um sofrimento sem tamanho, algumas vezes calados, que tendem a levar ao fim de algo que tanto se quis. Coisas que não se cobra, mas que também não se supera. Um ciclo, aparentemente, sem fim. Algo que eu ainda procuro respostas, soluções.

sábado, outubro 10, 2009

- recomeço;

Algumas coisas nunca mudam, um fato irritante e recorrente na mente de cada um. Aquelas situações com um desfecho tão óbvio, mas mesmo assim cada um faz um juramento interior de não chegar em um ponto determinado, justamente aquele que provavelmente vai chegar. Juramentos sem nenhuma capacidade de chegar ao objetivo, destinadas ao fracasso completo.


Exemplo mais clássico, e mais óbvio, é o amor. Cada vez que algo dá errado, você jura solenemente que nunca mais abrirá espaço para que aquele sentimento o domine; arma sua vida com todas as armadilhas possíveis, apenas para proteger o que acha tão preciso: o coração; esquece completamente que esse é o 'órgão' com maior capacidade de recuperação, um verdadeiro dom de cura o habita. Barreiras que ganham força com o tempo, que protegem mais contra coisas tolas - que provavelmente um bom julgamento já seria possível -, mas não percebe o quão volúvel torna-se para outras.

A barreira sempre cai. Sempre. Um momento inesperado, de total recuperação das dores e incertezas anteriores. Todos os motivos que tinha, para criar aquela proteção, simplesmente desaparece diante de seus olhos, como se feita do mais fino açúcar - sendo testado por uma tempestade. Que chance teria isso, frente a algo absurdamente mais forte? Não estaria ele, destinado a derrota, desde que foi erguida?

Isso deve entrar naquele hall de batalhas perdidas que todos nós entramos em algum período da vida. E exclusivamente a única que, depois de reconhecida a derrota, produza algum tipo de felicidade. Até se pode lutar, buscar cada armamento encontrado dentro de si, mas nenhum será bom o suficiente. Minto, algumas pessoas conseguem encontrar algo forte o suficiente para suprimir uma rebelião. Mas, a questão é, vale tanto a pena? Há alguma memória tão forte, tão sofrida, que tenha capacidade de barrar um novo sentimento?

As vezes o risco vale mais a pena do que a lembrança de um passado - não que ele tenha que ser esquecido, mas sim, superado. Nada supera a emoção de ver que estava errado, porque esse é o raro caso onde estar errado é melhor do que acertar. Voltar a enxergar a possibilidade de ser feliz, porque querendo admitir ou não, amor é a maior felicidade (embora possa trazer a pior das tristezas).

Eu nunca escrevo diretamente o que sinto, ou melhor dizendo, eu nunca assumo diretamente que aquele é o meu sentimento. Acredite, a frase não está contraditória. Como qualquer pessoa, custo a assumir um erro - principalmente quando é de julgamente, mas acredito ser forte o suficiente para admití-lo. Uma história, cheio de rodeios (talvez uma tentativa de desculpa entre minha consciencia e meu orgulho) de dizer a coisa mais óbvia: eu me rendi.

Um dia me construi as mais altas muralhas ao meu redor, impenetráveis e eternas. Não fiz o juramento, e sim uma verdadeira profecia de como tudo voltaria dar errado - esse é o lado ruim de ser pessimista. Entretanto agora vejo o que no fundo eu sabia: estava errada. As minhas paredes de proteção não só eram destrutiveis, como também não chegaram nem perto da eternidade. Isso para não dizer algo ainda mais visível, e por vezes oculto dentro da mente de cada um: quanto maior o esforço de fugir, mais forte fica o que se tenta evitar.

Sem maiores rodeios, apesar de claro, tento dizer o que todos deviam saber: depois de um amor tão profundo, e de uma série de tentativas de que aquilo nunca mais aconteça, o mais provável é que um sentimento ainda maior nasça. Um amor ainda mais forte, mais doce e mais dedicado, para não dizer 'mais próximo da perfeição'. Só um sentimento assim poderia ser capaz de apagar cada mágoa deixada na alma, e apenas isso seria capaz de produzir a vontade de se aprofundar ainda mais no que antes dava tanto medo. Um rodeio para dizer que é exatamente assim que me vejo hoje; um rodeio para dizer que é exatamente isso que vivo hoje.

Apenas uma forma de dizer que as pessoas podem viver grandes amores, mesmo depois de tantas tristezas. Apenas para dizer que é exatamente assim que vejo minha vida hoje: um amor mais forte, cuja barreira é de proteção a ele, e não contra ele.

sábado, agosto 01, 2009

- dias melhores;

"Vivemos esperando
O dia em que
Seremos melhores..
Melhores.. melhores
Melhores no amor
Melhores na dor
Melhores em tudo"
Chuvas constantes deixam o céu negro, o clima frio - tudo, absolutamente tudo começa aparecer funesto. Pior acontece quando dias se arrastam, quando a chuva não tem fim - a garoa é persistente, assim como a sensação de esmagamento do coração. Embora dramático, é tudo tão sutil, que pode passar despercebido. Quantas pessoas notam a diferença de humor do inverno para o verão?
Ah, sim, as pesquisas. Adoram padronizar comportamentos que não podem ser padronizados, mas sim, elas dizem que no inverno as pessoas têm mais mau humor. Que seja. Creio que ninguém, ninguém olha pela janela, veja a chuva, e prefira "fechar a cara".
Embora, pensando bem na população de hoje, não me estranhe muito. Foi-se o tempo em que sempre se buscasse o melhor, independente do tempo ou da circunstancia. Antigamente as dificuldades serviam de estimulo, não de barreira. Eu me lembro de ouvir meu avô contar de suas dificuldades para conseguir as coisas para a fazendo, lembro de minha mãe me contar de quantas horas ela – e os irmãos – caminhavam para conseguir ir à escola e há tanto exemplos dentro da família de cada um, que fica impossível alguém não conhecer uma história dessas.
Hoje, pelo que parece, o único contato que parece que essa geração tem – com a superação – é quando aparece na mídia. São sempre os 5 minutos de fama do Fantástico: o momento de drama que comove a nação; a tensão que faz todos louvarem a coragem da pessoa, e por vezes, até pararem para pensar na própria vida. Tudo superficial, banal. Como se tal feito não pudesse ser repetido por todos.
Criar cinco filhos sozinha, devolver uma maleta recheada de dinheiro, conseguir manter o bom humor (mesmo com duas semanas de chuva) – coisas louváveis? Sim, mas que deveriam ser banais. Uma pratica comum de todos, porque cada um devia ter dentro de si a idéia de buscar o seu melhor – não apenas buscar, mas conseguir. Com a ferocidade de um empresário – que vai até a sua última gota de suor – aliado com a humanidade de um sociólogo – que jamais esquece que ao seu redor existem pessoas, e elas devem ser respeitas.
Ainda espero, o dia que vamos brigar para sermos melhores. Quando nossa primeira atitude vai ser buscar, e não reclamar. O dia que vamos buscar o amor e a paz, ao invés de reclamar da insegurança e da desunião. Finalmente, eu aguardo... não, eu não aguardo. Eu sorrio quando abro minha cortina e vejo um dia chuvoso, porque penso em todo o solo que necessita dessa água (sim, eu ignoro que outro lugar precise da mesma, essas são as conseqüências de atitudes irresponsáveis do próprio mundo), e nesse sorriso coloco minha esperança. A minha esperança de que mais alguém consiga ver o belo, em troca do seu sentimento sinistro.

quinta-feira, julho 09, 2009

- você s2



"Agora tente me entender
Eu sinto a sua falta
vou pensar em algo
bom
pra viver ao lado teu"
Hoje, enquanto implorava para que voltasse, peguei-me pensando o porquê desejava a sua volta. Será que isso era apenas capricho? Um sorriso apareceu em meu resto, e mais uma mensagem eu lhe enviei, 'absurdo, capricho'!
Procurei, de todas as formas que consegui pensar, fazer com que você - pelo menos - me ouvisse, mas você não veio. Sim, eu entendo seus motivos, mas por isso resolvi escrever. Eu te amo, de uma forma nova e tranquila. Não é o sentimento que me deixa agitada, mas as circunstancias, e eu sei que entende o que quero dizer. Logo eu que achei conhecer o que era o amor real, de entrega. Bom, não estava errada, mas agora é algo tão inocente, que chega a ser angelical. Profano? Que se exploda, eu não ligo mais para o mundo lá fora.


Não sei o que desejava quando tudo isso começou, mas eu não vou mais desistir. Sou teimosa e tinhosa, recuso-me a abrir mão de algo que me faz tão bem! Esqueça a insegurança, apenas viva! Sentimento não são para serem entendidos, mas para serem vividos! Frase clichê, mas o que importa? Que os outros façam e pensem o que quiserem, o que me importa é você.
O que eu tiver que fazer, eu VOU fazer. Certas dores valem a pena. Você vale a pena. Se você acha que tem que mudar, eu vou mudar com você. Se você decidir assim ser, eu vou aceitar você. Se um dia você resolver partir.. eu vou seguir com o meu coração, mas sem nunca esquecer ou abandonar o que criamos.


[post dedicado for T ]

quinta-feira, junho 25, 2009

- cansada..

Simplesmente há momentos insuportáveis, que qualquer um daria tudo para pular. Eu preferia, na maior inocencia, apenas verificar o que me aguarda. O passado só não me assusta mais do que a perspectiva do futuro. 'O futuro é feito das escolhas do presente', mas e quando não se tem ideia do que decidir?
São dias como hoje que o mundo poderia explodir, eu realmente não iria lamentar. Há poquissímo tempo li algo perfeito, simplesmente perfeito: dentro de nós existem dois balões, um dentro do outro; o maior é composto de nossos desejos e o menor - dentro do maior - é composto por nossas capacidades. A felicidade é 'medida' pela distancia dos entre os dois balões, quanto menor for, maior será a chance de que seja feliz.
Os meus desejos estão tão exorbitantes assim? Pedir pra ser amada, na forma mais pura, é de fato um pedido impossível? Não há um dia em que eu não me faça essa pergunta. O conto de fadas, realmente é um conto. E assim voltamos para o presente que tanto me assusta. Nada do que eu quero é possível.
Tudo não passa de uma ilusão. A espera de algo que não vem, e que cada vez mais deixa de ser importante. Ou talvez a ilusão seja que tudo esteja deixando de ser importante. Tudo que nasce, morre. Será que vai morrer assim, sem nunca ter sido vivido de verdade?
Palavras sem sentido algum, Meu Deus, do que eu tô falando? Não devo ser normal, porque deixo sentimentos me dominarem. Sem certos sentimentos, certas atitudes, certas coisas.. ah, eu tô cansada disso.. de implorar algo que é natural para todos, menos pra mim.

Eu tô cansada.. cansada.

domingo, junho 14, 2009

- butterfly ...


"..butterfly fly away
butterfly fly away,
got you're wings
now you can stay
take those dreams
and you can make them all come true
butterfly fly away
butterfly fly away.."
Há dias que simplesmente fica impossível nos reconhecer. A imagem refletida no espelho em nada se parece com o que você imagina de si mesmo, de fato, aquele não é você. Esse talvez seja o primeiro sintoma, e justamente aquele que poderia te salvar, é o que cada um ignora.
O tempo passa, e essa sensação é encarcerada no lado mais remoto da alma. A normalidade volta, e pensamentos confusos desaparecem. Aos poucos os comentários começam: todos parecem notar uma mudança visível – seja física ou de personalidade. Mais uma vez essas mudanças não são sentidas, mas todos dizem que estão lá.
Um dia você toma coragem e resolve enfrentar, não os outros, mas sua própria consciência. ”Quem eu sou afinal?” Por dentro nada parece ter mudado, você ainda sente a fraqueza e o medo, o sentimento ainda é ruim.
Entre desespero e a raiva de não compreender, finalmente, você entende. O tempo passou e você amadureceu, hoje já sabe como lidar com suas emoções. Nada mudou, apenas aprendeu a guardar o que tem que ser guardado.
Todos os dias existem pessoas dizendo ‘não acredito que ele foi capaz’, mas com certeza ele sempre fora capaz, apenas aprendeu – com o tempo – a disfarçar o que não deve ser mostrado. Se for bom ou ruim, já não importa, essa é a tal maturidade estúpida e requerida.
Um dia, e sempre acontece, a realidade explode diante dos olhos. Ninguém foge de si mesmo eternamente. Também há uma chance que nesse percurso cada um se encontre, que tenha tempo de transformar um erro em um acerto. A chance de errar e de acertar é a mesma, a diferença é tentar ou não.
Hoje você não se reconhece, não vê o que os outros parecem ver, mas talvez – pense em apenas um talvez – esse seja o caminho para viver.



http://www.youtube.com/watch?v=Fx95y0D64CE

sábado, junho 13, 2009

- existe amor?

"...e todos esses papéis?
são recordações fiéis
ou mera lembrança da esperança
de te ver voltar de novo?
se em todas essas canções
te chamei nos meus refrões
não tem mais sentido se o seu ouvido
só prestar atenção nos outros"
Será que um grande amor dura pra sempre? Será que o tempo apaga tudo o que se viveu, mesmo que não seja real, como se nada tivesse acontecido?
A vida é tão estranha, às vezes tão falsa e traiçoeira. Dizemos que será eterno, que morreria se não tivesse aquele amor, mas depois tudo parece soar como apenas palavras. O coração toma outro rumo, busca conforto em outro abrigo e esquece de suas juras. Será realmente que existe esse tal amor?
Verdade, mentira, quem seria capaz de saber quando alguém está sendo honesto? Como alguém poderia mentir algo tão profundo, algo que é a força e a vida de outrem. Ser a vida, a capacidade de tornar-se importante a ponto de nunca mais imaginar um mundo sem aquela presença, mesmo que se tenha vivido tanto tempo sem.
Como continuar quando tudo acaba? A força de levantar e continuar pode até existir, mas onde encontrar a motivação para deixar de lado a saudade e a dor? O olhar fica perdido entre o passado e o futuro, novos juramentos são feitos: o de esquecer, o de aceitar. Mais uma vez o coração protesta em meio a sua dor, afinal ele não quer novos juramentos, mas os faz. Cumprir ou não, já não é importante.
O tempo passa, e como passa. As dores não somem, não tem como sumirem, assim como as lembranças aparecem a todos os momentos. A mente vem como tudo começou, até mesmo o momento exato em que tudo se perdeu – quando o amor falou mais alto e a razão desapareceu.
O conto de fadas recheado de suas personagens: príncipe, princesa, bruxas e seres mágicos. Tudo vivendo em perfeita harmonia, na sua gangorra de emoções, dando o sabor que a vida deve ter. Uma história de perfeição, e talvez por culpa dela tudo tenha encontrado um fim. Não existem contos de fadas, provavelmente também não exista amor.
No momento em que cada coração faz esse balanço, cada um se pergunta se teve culpa ou o que deu errado. O que deu errado? Qual foi o meu erro? A tendência obscura de culpar-se pelo fim. As lágrimas que a tanto tempo haviam sido suprimidas, mais uma vez, voltam aparecer e revelam aquele desespero que estava sendo disfarçado com sorrisos e uma falsa paz.
Acabou. Assim poderiam acabar todas as histórias – os romances -, porque deveria ser obrigado acabar para ambas as partes. Não, a vida não é simples nem mesmo gentil, ela prefere que sempre acabe para um. Apenas um não ama mais, apenas um foi capaz de continuar seu caminho e apenas um foi capaz de esquecer.
Esquecer é o desejo de todos que amam e já não tem mais o seu amor. Engana-se quem pensa que o desejo é esquecer a pessoa amada, ninguém consegue desejar isso. No mais intimo de quem sofre, a maior ambição é esquecer a dor, mas nunca quem a provocou.

quarta-feira, junho 10, 2009

- dia novo

" Sou como você me vê.
Posso ser leve como uma brisa ou forte como uma ventania,
Depende de quando e como você me vê passar."

Chuva.Mais um longo, frio e molhado dia de chuva. Por algum motivo, talvez obvio, ela lembre as lágrimas de uma pessoa angustiada. O faz pensar: quem inventou a teoria de que chorar alivia a alma? O coração joga um peso para o lado externo, mas em compensação, a cabeça ganha uma amarga dor.
Talvez seja justo dizer que quando finalmente deixa-se o sentimento chegar aos olhos, o drama emocional passa a ser racional. Sim, daí partem as teorias de que chorar alivia e dá clareza para pensar e decidir.
Cenas melancólicas, geralmente, são compostas de muitas lágrimas e chuva. Um dia mais frio e úmido faz proliferar as dores da alma, que todos fazem tanta questão de esconder. Olhar perdido, pensamento ordenado (sim, porque quanto maior a dor, mais concentrado tornam-se os pensamentos) e as tão famosas lágrimas.
Nesses momentos tristes ninguém parece lembrar da infância, quando uma tarde de chuva era motivo de alegria. Crianças correndo e pisando em poças, e a água de seus rostos sendo exclusivamente as que vinham do céu. Quando crescem, raramente – para não dizer nunca -, dão-se ao prazer de repetir as brincadeiras. Tudo fica preso a sentimentos ruins, é a tristeza que manda no ser.
Chuva.
Mais um longo, frio e molhado dia de chuva. Com uma novidade: sem lágrimas.
Teu Segredo
Flores envenenadas na jarra. Roxas azuis, encarnadas, atapetam o ar. Que riqueza de hospital. Nunca vi mais belas e mais perigosas. É assim então o teu segredo. Teu segredo é tão parecido contigo que nada me revela além do que já sei. E sei tão pouco como se o teu enigma fosse eu. Assim como tu és o meu.
Clarice Lispector

segunda-feira, junho 08, 2009

- a vida é MINHA



Não importa o que aconteça...
A vida é minha,
eu faço o que eu quiser


Faça isso, faça aquilo

Perca peso, tenha estilo

Compre esse, prove aquele

Siga a moda, vote nele...


Não ponha palavras na minha cabeça

Pare de falar antes que eu enlouqueça

Não quero dar explicações, não vou mudar

Não importa o que aconteça...

A vida é minha, eu faço o que eu quiser

A vida é minha, eu faço o que eu quiser...


Cante essa, tenha medo

Fume outro, acorde cedo

tenha modos, fique mudo

Ame o mesmo, odeie tudo...


Querem que eu cale e obedeça

E depois de tudo ainda agradeça

Ser só alguém dizendo "sim"


Não ponha palavras na minha cabeça
Pare de falar antes que eu enlouqueça
Não quero dar explicações, não vou mudar
Não importa o que aconteça...
A vida é minha, eu faço o que eu quiser
A vida é minha, eu faço o que eu quiser...

domingo, junho 07, 2009

- decidir e aceitar

Minha força está na solidão. Não tenho medo nem
de chuvas tempestivas nem
de grandes ventanias soltas, pois eu também sou o
escuro da noite.

Lembro-me de quando tudo era bonito e fácil. No mais intimo do ser, um sentimento de medo pulsa imperceptível diante aquela beleza e felicidade. Mas a vida cobra, e cobra caro.

As pessoas têm a irritante mania de culpar os outros por suas fraquezas e escolhas, assim como sempre preferem fugir de um ‘destino’ evidente. Nada que acontece é culpa do outro, cada um é responsável sobre o que lhe acontece. Um fato, isolado, jamais teria a capacidade de ser responsável por danos irreparáveis.

Anos vão se passando, e não há quem deixe de lutar pra se erguer. Quando não faz por si mesmo, faz-se pelos que ama. Entretanto, para algumas pessoas, a luta parece não surtir efeito. O problema não está no mundo, está dentro de cada um, uma praga que se apodera de um ser.

A incompreensão é normal, quem aceita a derrota? Nesses momentos sentimentos que não existem são ditos, promessas são feitas, mas nada é eficaz. A desistência só ocorre quando a estafe acontece, apenas quando as razões de persistência se vão. Não há amores – falsos, principalmente – amizades, planos ou carinhos que possam concorrer com a dor e a morte psicológica.

Aceitar. Por mais difícil que seja, opiniões devem ser respeitadas, afinal ninguém pode sentir o peso que o outro sente.

"Ah, e dizer que isto vai acabar, que por si mesmo não pode durar. Não, ela não está se referindo ao fogo, refere-se ao que sente. O que sente nunca dura, o que sente sempre acaba, e pode nunca mais voltar. Encarniça-se então sobre o momento, come-lhe o fogo, e o fogo doce arde, arde, flameja. Então, ela que sabe que tudo vai acabar, pega a mão livre do homem, e ao prendê-la nas suas, ela doce arde, arde, flameja." Clarice Lispector

quinta-feira, maio 14, 2009

- passa, mas também fica;

Nunca temos certeza de onde a vida vai nos levar, ou até que ponto conseguiremos aguentar. Sempre, realmente sempre, a impressão é de estar no limite, da dor não ser mais suportável - mas ela é. Sempre é possível escutar 'isso vai passar', mas as pessoas confundem o que realmente acontece, a teoria e a prática que nunca andam juntas. Seja qual for o problema, ele vai passar. Você vai superar e continuar a caminhar.
O tempo passa. Mesmo quando isso parece impossível. Mesmo quando cada batida do ponteiro dos segundos dói como o sangue pulsando sob um hematoma. Passa de modo inconstante, com guinadas estranhas e calmarias arrastadas, mas passa. Até para mim.

Tudo fica calmo, até mesmo de uma forma mórbida. O que antes era repleto de cores e possibilidades, agora é
apenas feito de diversos cinzas e e a mesma rotina: o conformismo de saber que será daquela forma. Um rôbo que fazia o que lhe era mandado, apenas buscando controlar o que sentia - ai sim a mecânica estaria perfeita.

Eu não podia pensar nele. Isso era algo a que eu tentava me prender. É claro que eu cometia deslizes; eu era apenas humana. Mas estava ficando melhor, e assim a dor era algo que agora eu conseguia evitar durante dias. Para compensar, tinha o torpor interminável. Entre a dor e o nada, eu escolhera o nada.

A luta do coração contra a razão. Lembrar desesperadamente os argumentos do 'isso vai passar', quem sabe ali pudesse estar a resposta de como controlar aquela dor estranha e agoniante. Ah, mas não havia modos de controlar. Entretanto, e finalmente, descobri que poderia ignorar meu coração e suas lembranças. Mas havia um porém: ignorar um coração é ignorar a si mesmo.

E, no entanto, achei que podia sobreviver. Eu estava alerta, sentia a dor – a perda dolorosa que se irradiava de meu peito, provocando ondas arrasadoras de dor pelos membros e pela cabeça -, mas era administrável. Eu podia sobre viver a isso. Não parecia que a dor tivesse diminuído com o tempo; na verdade, eu é que ficara forte o bastante para suportá-la.

Os raros momentos em que perdia o controle e sentia a realidade, eu até poderia sentir a loucura. Estava há um passo do inferno da insanidade, e tudo que eu pensava não era capaz de me salvar daquele destino tão óbvio. Um destino amarrado em algo inexplicável ou talvez doentio... doentio que me levaria a doença, mas deixaria o mundo fluir na sua harmonia. A falta sentida na pele. A dor da saudade e indiferença que persegue um coração doente. Onde está o cavaleiro salvador?

[Passagens: Lua Nova]

 
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