quinta-feira, outubro 22, 2009

- recomeço;

Pior que mentir.
é mentir pra si mesmo.
É como não ter pra onde ir.


Qual é o pior momento vivido: o erro ou o recomeço?Há quem diga que a pior parte é ter que admitir o engano, embora não tenho plena consciência que o problema nunca é exatamente esse. O velho ditado popular, de hoje e sempre, dá conta que errar é humano, e essa máxima é absolutamente verdadeira. A questão nunca é ter cometido tal falta, não é disso que se tem vergonha. Enganar-se é apenas demonstrar o quão frágil é a figura humana, tão suscetível a erros quanto a acertos.

Mas, a tensão ainda reside sobre o mesmo ponto: o recomeço. O processo de admitir a falta realmente pode ser dolorido, e impede muitos de fazerem os consertos. Talvez até dê a impressão de contradição, mas não há. As pessoas têm medo de admitir, pois sabem que isso a levará ao próximo passo: o recomeço.

Não importa qual sentimento está envolvido, essa vai ser a dor mais intensa e latejante que se pode ter. Ela começa assim que a consciência, ou a vida, te mostra o degrau do tropeço. Pode-se fugir, ignorar ou até mesmo tentar conviver com a culpa, mas nenhuma dessas coisas tem a capacidade de amenizar os efeitos daquela dor. É nesse momento - que pode levar tempo, ou ser rápido, tudo depende do quanto a consciência de cada um é mais ou menos ativa -, que se tem a nítida impressão de poder fingir que nada aconteceu, é que se percebe o quão errado se está.

A vida continua seu percurso, sem cobrar pelo que se faz. Será? Um dia, e sempre há esse dia, chega-se ao ápice do que é humanamente possível suportar. Novamente se têm a escolha: consertar ou enlouquecer. Absurdo, aparentemente, mas qualquer analise breve do passado vai mostrar exatamente esses fatos. As pessoas fogem do que não gostam de lembrar, até que um dia isso explode diante dos olhos, impossível de conter. A parte de enlouquecer, as vezes, acompanha o conserto - o preço, muitas vezes, é alto demais.

Assim se tem o recomeço, quando se dá a chance - a oportunidade de voltar a viver. Embora a palavra 'conserto' transpareça o sentido de refazer - arrumar - o engano, não é nesse sentido que ela se faz presente. Não se pode voltar no tempo, ou seja, não há como desfazer/refazer uma atitude. O resta, a cada um, é recomeçar de onde havia parado. Levar a vida de uma nova forma, de modo que aquele erro realmente fique no passado e nunca mais se comenta algo do mesmo gênero.

Mas a vida não é fácil, nada é simples. Por todo lado, a cada segundo, uma rasteira insuportável e desanimadora. Por vezes se encontra pessoas pelo caminho que defendem aquelas teorias obsoletas, tão óbvias de estarem além da realidade, que possuem a intenção de conferir apoio, mas nem sempre alcançam o objetivo. "Cair, mas sempre levantar", combina mais com música para Carnaval fora de época, do que com a própria vida. É evidente que se tem que encontrar forças para retornar ao caminho traçado, mas não se deve presumir que tal coisa seja simples ou fácil. Novamente temos o mesmo conceito anterior: a dor não é cair, é conseguir achar forças para levantar.

O recomeço, em si, é dolorido e desafiador quando se vê a vida colocar obstáculos durante o percurso. Quando finalmente adquire a força necessária para voltar a respirar, diversos serão os momentos em que situações tiraram o fôlego. E conforme insistir em tal caminho, quanto mais confiante que a coisa certa é persistir, mais vividas se postaram as adversidades.

Uma conclusão pessimista? Prefiro dizer que é apenas realista. Se o pior momento é o recomeço, o melhor deve ser a vitória. Nada deve ser mais doce do que conseguir olhar para trás e ver que apesar de tudo, da dor que foi sentida e das cicatrizes existentes, conseguiu-se superar o inimaginável. É chegar no fim do trajeto e ter orgulho, dessa vez pelo motivo correto, de ter sido mais forte que todos os encalços que se fizeram presentes. Talvez o correto não seja usar esse final como incentivo para prosseguir, já que esse deva partir de cada um, mas qual o dano de se olhar por todos os lados? Se depois de toda tempestade vem o belo dia de Sol, que depois de tanta dor se poste a felicidade - não eterna, mas o mais duradora possível.

Uma teoria, é verdade, mas também um desejo. Uma esperança.

quarta-feira, outubro 14, 2009

- eclipse;

- Você realmente tem alguma idéia do quanto é
importante pra mim? Algum conceito do quanto eu te amo?
Ele me segurou com mais força contra o peito, colocando a
minha cabeça embaixo do queixo dele.
Eu pressionei meus lábios no pescoço frio como neve dele.
- Eu sei o quanto eu amo você, eu respondi.
- Você está comparando uma pequena árvore a uma floresta inteira.
Eu revirei meus olhos, mas ele não podia ver.
(Eclipse - Stephenie Meyer)


Pela janela do meu quarto eu vejo a chuva
Penso em você, no meu amor que nunca muda!
Espero o dia inteiro e você não vem...
amor igual ao meu não vai ter de ninguém.
Nas esquinas escuras de qualquer lugar
Já não sei mais aonde procurar,
Pra te dizer as coisas que eu sempre quis.
Te roubar pra mim e te fazer feliz!
Não sabe o que é ter esquecer,
Cada minuto, cada instante que passei com você.
Pra que dizer que não é feliz?
E esconder da sua vida o que você sempre quis!
(....)
E se um dia, eu for reencontrar..
Se encontro aqui, eu ter que ir buscar
Esse amor que nunca vem...
Se não você, não quero mais ninguem!
For Dj <3

terça-feira, outubro 13, 2009

- perfeccionismo;

O relógio despertou, exatamente,
às 05:20 da manhã.

Seria o horário normal de ir para a faculdade, mas hoje não tinha aula. Acabei ficando sem conseguir voltar a dormir, e resolvi caminhar pelo condominio. Um frio congelante, totalmente impróprio para a roupa que vestia, mas ao mesmo tempo era como uma chave que abria as portar para tudo aquilo que eu evitava. Caminhei por toda a extensão, as ruas vazias, mas acabei voltando para a entrada do bloco. Apenas eu e a Cami, a gata mais carente que encontrei em toda a vida.

Foi estranho, realmente estranho. Acho que poderia jurar que ela me olhava de uma forma diferente, ou talvez eu é que passei a olhar as coisas de uma forma diferente. Nem sei quanto tempo passei ali, sentada, apenas esperando o Sol nascer e se postar de forma dominante no céu. Queria poder dizer que foi lindo, mas eu me sentia tão mal que não teve qualquer beleza.

Pensei em cada dia que vivi nos últimos tempos: nas alegrias e nas tristezas. Revi as fisionomias de cada um com quem tive algum contato, tentei lembrar se estavam felizes ou infelizes - e daqueles aos quais eu havia apenas conversado, apenas imaginei como seria as mesmas expressões. Um balanço de fim de ano, antes que chegássemos ao término do décimo segundo.

Há de se estranhar o porquê fiquei triste, já que pareço mostrar felicidade para todos os lados. De fato, talvez eu esteja mais feliz do que estive nos últimos meses, mas me dei conta que estou pagando um preço muito alto para ter isso. Vejo-me roubando o direito de escolha alheio, apenas para ter o que eu quero. Sofri tanto, sendo o que os outros queriam, que agora percebi que o papel se inverteu: sou eu que exijo dos outros atitudes que estejam de acordo com o meu padrão, como se todos fossem apenas bonecos da minha boa vontade.

Parece fácil, então, que após entender isso seria fácil mudar. Mas não é. Senti aquelas lágrimas tão carregadas de dor, em uma tentativa de eliminar um pouco do peso da minha consciência, só que pela primeira vez isso nem passou perto de aliviar todo o peso qque eu estava carregando. Percebi que só existia uma forma de tirar tudo aquilo de mim mesma, e seria modificando o jeito de levar as coisas. Mas ai jazia a dificuldade. Nunca tive problemas em admitir que estava errada, e nem muito menos para fazer o que era necessário para mudar. Entretanto, quando isso envolve outras pessoas, é tudo tão mais complicado!

Tentei agir corretamente, mas porque isso não está me trazendo a paz que deveria? Quer dizer, cadê aquele alivio que as pessoas sentem quando percebem que fizeram a coisa certa? Não, eu sinto justamente o contrário, apenas sinto-me ainda mais culpada pelos meus próprios erros e fraquezas - porque sou obrigada a ver que quanto mais tento romper minha ligação com algumas pessoas, mais atreada estou as mesmas. Sinto-me brincando com sentimentos puros, apenas porque não sei lidar com todos eles. Ao mesmo tempo um medo intenso de perder tudo aquilo que, a príncipio, eu nem mesmo queria!

O meu perfeccionismo apareceu ainda mais forte, mais irritante. Pensar que eu não sei ser a namorada perfeita, e que nunca vou cnseguir. Ter que enfrentar a realidade e notar que nunca vou chegar perto de ser a amiga que eu tanto queria ser. E o pior não é pensar que não vou chegar nesses níveis, e sim ter que ver que eu exijo justamente isso das pessoas. Não que eu queira a perfeição, não dos outros, mas de alguma forma sinto que a minha felicidade está ligada a determinados perfis de pessoas. O namorado romantico/ciumento ou a amiga dedicada e alegre, as figuras que eu preciso ter na minha vida, que eu exijo ter na minha vida, mas não me vejo fazer 'por onde' merecer companhias assim. Egoísta, exigente e estressada, como alguém assim poderia ter pessoas assim?

E ai eu olho pra dentro e vejo que não vou mudar. Ao contrário do que as pessoas dizem, nem sempre se tem condições de superar seus defeitos e ser uma nova pessoa. Eu sou assim, a vida me transformou nisso, e só ela pode me mudar novamente. Aí eu sinto novamente as lágrimas tentarem esvaziar um peso que eu já não aguento mais, o peso de ser obrigada a me isolar. Eu não posso exigir das pessoas, e também não posso ser o que elas merecem. O que me restaria se não fosse viver sozinha, no mundo escuro que eu criei, apenas para proteger aquelas pessoas que eu tanto amo, de serem subjugadas á coisas que não merecem? Pergunta retórica, sem resposta.

domingo, outubro 11, 2009

- insegurança;

(Wake me up) Wake me up inside
(I can't wake up) Wake me up inside
(Save me) Call my name and save me from the dark
(Wake me up) Bid my blood to run
(I can't wake up) Before I come undone
(Save me) Save me from the nothing I've become

Algumas pessoas sofrem de um mal absurdo: o medo da felicidade. Digo absurdo, porque entendo que todos a queiram – mesmo que no fundo eu discorde – e mesmo assim reconheço que algumas fujam dela com todo o empenho que uma alma possa produzir. Nem bem a conquistam, e já a consideram um inimigo forte demais, e desistem.

Não é o próprio medo da felicidade, mas de vê-la partir, mais uma vez. Aquela apreensão de notar o sofrimento tão perto, que é preferível sofrer por ter que suprimi-la do que ter de vê-la partir. A dor da perda, da partida, do fim. Simplesmente fantasias, criadas por um medo antigo, a própria insegurança, a incapacidade de se ver digno de tal felicidade. Talvez realmente sejam absurdos de um coração sofrido, ou então o entendimento daquela realidade. Como diferenciar uma insegurança de uma intuição? Queria poder chegar uma resposta, a algo que realmente delimitasse a linha tênue que as separam.

Uma luta ferrenha entre id e o superego, e o pobre do ego fica sem saber para que lado pender. Uma explicação psicanalista que não consegue transpor qualquer qualidade, porque a ciência passa longe de conseguir explicar sentimentos. É isso que eu devia entender, e por assim dizer, aceitar? Uma luta dentro da mente, o instinto contra o que eu recebi da vida? É tão simples assim explicar um comportamento humano, alias, um sentimento humano? Porque se essa é a resposta, Freud poderia ter dito também como resolvê-la, explicar onde está o problema. É, mas ele respondeu, de uma forma estúpida, mas respondeu.

Infelizmente o psiquiatra não está aqui para dizer o rumo a seguir. Mais uma vez só o reflexo no espelho terá alguma condição de lhe dizer o que fazer, uma escolha solitária. Poderia até dizer que a dúvida é o medo de provocar o sofrimento alheio, e não o pessoal. Mas até onde isso é verdade? Não, o mais correto seria perguntar o que veio primeiro: o medo pessoal de sofrimento ou de causá-lo em alguém? Se ainda fosse qualquer pessoa, a preocupação seria menor, mas e quando é a pessoa que mais se tem interesse em tornar feliz?

Perguntas demais, para poucas respostas. Medos demais para algo que deveria causar justamente o oposto, que teria que trazer a paz em seu sentido mais pleno. Ainda mais crítico quando se pensa que o problema não está nos outros, mas em você mesmo, pois é em você que cada uma dessas fantasias começam e nunca encontram um fim. Barreiras gigantescas que você cria para proteção, mas percebe que as criou justamente como teste: uma prova de que a alguém terá a capacidade de derrubá-las. Enquanto elas permanecem tão sólidas, a tal insegurança e incapacidade de felicidade perduram, irredutíveis.

A questão é que ninguém tem como obrigação cumprir percursos criados por outros, atitudes assim passam longe da justiça. Como você pode cobrar de outro algo tão absurdo? Como é que se destroem tudo aquilo que foi erguido com tanto cuidado, justamente para evitar novos sofrimentos?

Medos, inseguranças e barreiras que ficam sem respostas. Coisas que levam a um sofrimento sem tamanho, algumas vezes calados, que tendem a levar ao fim de algo que tanto se quis. Coisas que não se cobra, mas que também não se supera. Um ciclo, aparentemente, sem fim. Algo que eu ainda procuro respostas, soluções.

sábado, outubro 10, 2009

- recomeço;

Algumas coisas nunca mudam, um fato irritante e recorrente na mente de cada um. Aquelas situações com um desfecho tão óbvio, mas mesmo assim cada um faz um juramento interior de não chegar em um ponto determinado, justamente aquele que provavelmente vai chegar. Juramentos sem nenhuma capacidade de chegar ao objetivo, destinadas ao fracasso completo.


Exemplo mais clássico, e mais óbvio, é o amor. Cada vez que algo dá errado, você jura solenemente que nunca mais abrirá espaço para que aquele sentimento o domine; arma sua vida com todas as armadilhas possíveis, apenas para proteger o que acha tão preciso: o coração; esquece completamente que esse é o 'órgão' com maior capacidade de recuperação, um verdadeiro dom de cura o habita. Barreiras que ganham força com o tempo, que protegem mais contra coisas tolas - que provavelmente um bom julgamento já seria possível -, mas não percebe o quão volúvel torna-se para outras.

A barreira sempre cai. Sempre. Um momento inesperado, de total recuperação das dores e incertezas anteriores. Todos os motivos que tinha, para criar aquela proteção, simplesmente desaparece diante de seus olhos, como se feita do mais fino açúcar - sendo testado por uma tempestade. Que chance teria isso, frente a algo absurdamente mais forte? Não estaria ele, destinado a derrota, desde que foi erguida?

Isso deve entrar naquele hall de batalhas perdidas que todos nós entramos em algum período da vida. E exclusivamente a única que, depois de reconhecida a derrota, produza algum tipo de felicidade. Até se pode lutar, buscar cada armamento encontrado dentro de si, mas nenhum será bom o suficiente. Minto, algumas pessoas conseguem encontrar algo forte o suficiente para suprimir uma rebelião. Mas, a questão é, vale tanto a pena? Há alguma memória tão forte, tão sofrida, que tenha capacidade de barrar um novo sentimento?

As vezes o risco vale mais a pena do que a lembrança de um passado - não que ele tenha que ser esquecido, mas sim, superado. Nada supera a emoção de ver que estava errado, porque esse é o raro caso onde estar errado é melhor do que acertar. Voltar a enxergar a possibilidade de ser feliz, porque querendo admitir ou não, amor é a maior felicidade (embora possa trazer a pior das tristezas).

Eu nunca escrevo diretamente o que sinto, ou melhor dizendo, eu nunca assumo diretamente que aquele é o meu sentimento. Acredite, a frase não está contraditória. Como qualquer pessoa, custo a assumir um erro - principalmente quando é de julgamente, mas acredito ser forte o suficiente para admití-lo. Uma história, cheio de rodeios (talvez uma tentativa de desculpa entre minha consciencia e meu orgulho) de dizer a coisa mais óbvia: eu me rendi.

Um dia me construi as mais altas muralhas ao meu redor, impenetráveis e eternas. Não fiz o juramento, e sim uma verdadeira profecia de como tudo voltaria dar errado - esse é o lado ruim de ser pessimista. Entretanto agora vejo o que no fundo eu sabia: estava errada. As minhas paredes de proteção não só eram destrutiveis, como também não chegaram nem perto da eternidade. Isso para não dizer algo ainda mais visível, e por vezes oculto dentro da mente de cada um: quanto maior o esforço de fugir, mais forte fica o que se tenta evitar.

Sem maiores rodeios, apesar de claro, tento dizer o que todos deviam saber: depois de um amor tão profundo, e de uma série de tentativas de que aquilo nunca mais aconteça, o mais provável é que um sentimento ainda maior nasça. Um amor ainda mais forte, mais doce e mais dedicado, para não dizer 'mais próximo da perfeição'. Só um sentimento assim poderia ser capaz de apagar cada mágoa deixada na alma, e apenas isso seria capaz de produzir a vontade de se aprofundar ainda mais no que antes dava tanto medo. Um rodeio para dizer que é exatamente assim que me vejo hoje; um rodeio para dizer que é exatamente isso que vivo hoje.

Apenas uma forma de dizer que as pessoas podem viver grandes amores, mesmo depois de tantas tristezas. Apenas para dizer que é exatamente assim que vejo minha vida hoje: um amor mais forte, cuja barreira é de proteção a ele, e não contra ele.

 
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