domingo, novembro 28, 2010

- happy birthday;

"O que quer que você faça na vida, será insignificante. Mas é muito importante que você faça - porque ninguém mais o fará. Como quando alguém entra na sua vida, e metade de você diz que não está nem um pouco preparado; mas a outra metade diz: faça que ela seja sua para sempre"


Eu não sei o que é o certo, e para ser honesta, talvez esse tenha sido o único objetivo real da minha vida. De alguma forma, ou de todas as formas, cada mínima atitude tomada foi em prol disso: fazer o certo, ser a melhor. Não em um sentido egoísta, supremo de querer se destacar acima de todos, mas de conseguir superar – de se superar. A única razão de estar viva, pois do contrário, nada mais teria sentido; a minha única razão de continuar residindo em meio ao caos, diante da dor e sofrimento, exposta a tudo de pior que alguém pode exacerbar. A necessidade sufocante de ser melhor, não para provar a alguém, mas para ficar diante do espelho e enxergar alguém que conseguiu evoluir para melhor, já que o termo evolução não carrega em si o pressuposto de ser bom.

O fato de se ter um único objetivo para a vida, e esse ser exatamente o que te impulsiona para frente, não quer dizer que seja alcançado. Isso fica mais evidente diante de alguns fatos, de algumas datas. Nunca entendi qual o motivo para tanta felicidade em aniversários. Cresci vendo a passagem do ano de uma forma disforme, talvez pela aproximação dessa data com o eminente fim de ano. Não me importa se legalmente o ano começa no dia 1º de Janeiro, para mim ele começa exatamente hoje: 27 de Novembro – ou no caso, 28. A melancolia do dia nada tem a ver com a idade – que diferença faz o tal 22, 23 anos? -, mas a decepção de olhar para o ano que passou e ser obrigada a aceitar que pouca coisa mudou.

O que se pode mudar em um ano? Empregos, faculdade, novos lugares, outras pessoas e talvez novos amores – porém isso só determina o que foi alterado na sua rotina, e não em você. Só porque se vive algo novo, não quer dizer que você tenha mudado, apenas está ficando ‘inteirado’ no que você faria diante daquela situação – é uma descoberta, não uma mudança real. Só pode saber como agirá diante do fogo, quando ele estiver tocando sua pele. Mas qual ser humano é aberto a mudanças? Não é o homem aquele animal preso a sua condição,de forma tão forte, que deturpa toda e qualquer alteração no seu habitat?

Diante do espelho, justamente hoje, eu não sei exatamente o que eu vejo. A parte mais remota da minha alma duvida fortemente que realmente tenha ocorrido uma mudança; desconfia que talvez tudo não tenha passado de uma adaptação que briga para chegar ao fim, voltando ao seu status quo. No fundo dos meus olhos, que alguns se iludem ao pensar que brilham, só vejo tudo aquilo que gostaria de ser, mas não encontro coragem para ser. Sempre a espera daquele motivo forte e essencial, que existe não existindo, mas sendo sempre algo externo, dependente.

É neste ponto que volto ao início do meu drama: a superação. Penso em mim como uma pessoa de sorte, apesar dos apesares. Abomino tudo que tenha como filosofia a idéia de que há vários caminhos para se ‘chegar’. Na minha concepção existe apenas o certo e o errado – a diferença é que é o certo e errado de cada um, e não aquele frívolo de consciência coletiva. Enfim, a minha sorte reside no fato de ter dois caminhos – dois caminhos certos – que vão me levar para destinos totalmente diferentes. Aparentemente não há nada diferente das outras pessoas, mas o ponto é que vejo os dois como bons (ou quase isso): a superação da dependência ou a coragem para ser quem quero ser. O errado, o meu caminho errado, é estar onde estou, imóvel.

Essa história, desabafo, nada tem a ver com a citação – roubada de um filme, e anteriormente retirada de um grande pensador. Ou talvez seja a resposta da minha passividade. Há muitos anos o amor é algo que fecha, enclausura, porque eu escolhi ver a vida dessa forma. Por algum motivo esse trecho fez mais sentido do que antes, como se fosse a coisa certa a ser ouvido agora, hoje. Mas infelizmente, para o meu desespero, a minha compreensão começa nesse momento – assim como o meu desespero.

 
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