quarta-feira, setembro 29, 2010

- eu te amo ;


"Eu te amo. Eu te amo porque todos os amores do mundo são como rios diferentes correndo para um mesmo lago, e ali se encontram e se transformam em um amor único que vira chuva e abençoa a terra.

Eu te amo como um rio, que cria as condições para que a vegetação e as flores cresçam por onde ele passa. Eu te amo como um rio, que dá de beber a quem tem sede e transporta as pessoas até onde elas querem chegar.

Eu te amo como um rio, que entende que precisa correr diferente em uma cachoeira e aprender a repousar em uma depressão do terreno. Eu te amo porque todos nascemos no mesmo lugar, na mesma fonte, que continua nos alimentando sempre com mais água. Assim, quando estamos fracos tudo o que precisamos fazer é aguardar um pouco. Volta a primavera, as neves do inverno derretem e tornam a nos encher de nova energia.

Eu te amo como um rio que começa solitário e fraco em uma montanha, aos poucos vai crescendo e se unindo a outros rios que se aproximam até que, a partir de determinado momento, pode contornar qualquer obstáculo para chegar onde queria.

Então, eu recebo seu amor e lhe entrego meu amor. Não o amor de um homem por uma mulher, não o amor de um pai por uma filha, não o amor de Deus por suas criaturas. Mas um amor sem nome, sem explicação, como um rio que não consegue explicar o seu percurso, apenas segue adiante. Um amor que não pede e que não dá nada em troca, apenas se manifesta. Eu nunca serei seu, você nunca será minha, mas mesmo assim posso dizer: eu te amo, eu te amo, eu te amo."

O Aleph - Paulo Coelho

terça-feira, setembro 28, 2010

- sea &moon ;

Era apenas a Lua, e o Mar. Ambos nunca se viram como algo importante, embora muitas vezes houvessem escutados seus nomes – mas, tinham alguma consciência, que apenas eram usados para momentos específicos, ficando esquecidos logo depois –, contudo não se importavam com a sua aparente solidão. Aproveitavam a sua existência, algumas vezes se rendendo a tristeza absoluta que acompanhada a solidão, mas sempre representando muito bem o seu papel de imparcialidade, muitas vezes como uma frieza – e talvez justamente por isso não eram lembrados com tanta freqüência.

Nada mais tinham em comum, nem mesmo estavam próximos um do outro. A Lua espelhava alguma doçura, atraía a atenção dos amantes graças a sua beleza e graciosidade; o Mar, por sua vez, dotado de sua inconstância, atraía uma atenção maior pela sua vastidão e, muitas vezes, violência. De fato, não parecia existir qualquer vinculo entre eles, a não ser aquele fato insistente de representação – aos não observadores eles pareciam frios e distantes, mas para os que se davam o direito de conhecer melhor, conseguiam perceber o quão profundo era aquela solidão.

Não se sabe, ao certo, como tudo começou. Foi a Lua que viu o Mar, e jogou sua luz sobre ele, ou foi o Mar que não resistiu a atração irresistível do satélite? O momento, ou o como, pouco importava, o fato é que o ar de solidão foi abalado e substituído pela necessidade de presença. Um dia, certo dia, o Mar notou o reflexo da Lua em si mesmo; embora não tivessem nada em comum, o Mar conseguia se encontrar naquela Luz tão fascinante, adorável, cálida e suprema. A vastidão de sua água necessitava daquele brilho para ser completo, mesmo que não conseguisse definir o exato motivo para essa descoberta. Por que ele, tão grandioso e soberano, precisaria da presença de um ser que aparentava fragilidade? Não tinha sentido, e por isso, a todo custo, tentou se afastar e fugir daquela atração.

A doçura era magnética, impossível fugir daquela luz que cegava a todos que a olhavam com atenção. Como não se apaixonar por algo tão puro? O Mar fugia, revoltava suas águas, mas no seu EU mais profundo, sabia que aquela era uma batalha perdida. Sentia, todas as noites, o reflexo da Lua sobre si, uma imagem que pareceu sempre existir, mas que ele nunca conseguiu compreender. Por que a Lua, e não o Sol? Por que aquele desejo por um encontro que ninguém mais via, já que todos dormiam quando ela aparecia? O Sol, tão desejado, com seu calor confortante, que todos os dias aqueciam cada uma de suas partes, nunca despertou algo próximo do fascínio que a Lua o provocava. O que afinal ela tinha, de tão interessante? O que nela havia com o poder de curar a sua solidão originaria?

Nunca soube dizer, e de alguma forma, nunca se preocupou realmente em responder. O que importava os motivos? A única coisa que queria é que a Lua sempre estivesse ali – pura e doce –, pois ele sempre a esperaria chegar, eternamente. Talvez, se realmente refletisse, iria descobrir que não era o que a Lua tinha de especial, mas como ela o tornava especial. Esse poderia ser um pensamento egoísta, mas os seus efeitos eram os mais altruístas possíveis. O Sol, com toda a sua luz e calor, não deixavam o Mar ser como realmente era – modificava a sua estrutura, sua forma natural, não respeitando a sua essencial. Não era assim com a Lua. Por mais distante que estivesse, mesmo que suas mudanças de aspecto também influenciassem naquela relação, a Lua sempre permitiu que o Mar fosse Mar – ele era inconstante, em seus momentos de fúria e calmaria (muitas vezes influenciado pela mudança de fase da Lua), mas mesmo assim a Lua sempre voltava e refletia sua beleza sobre ele. Uma paixão, um desejo e necessidade daquelas pouquíssimas horas de contato – mesmo que a distancia.

Ainda eram apenas o Mar e a Lua, mas nada tinham a ver com o seu principio. Não eram apenas dois seres distantes, desconexos e assimétricos; não, agora se sentiam perto um do outro, interligados de uma forma transcendental. Não havia qualquer explicação para aquela necessidade que existia da Lua para com o Mar, e vise e versa; entretanto, não existia ninguém que não citasse aquela cena: nada mais romântico do que observar a Lua refletir na calmaria do Mar - sim, visto que a liberdade que a Lua concedeu ao Mar, de ser ele mesmo, acabou provocando uma mudança natural. Os dois amantes, que nada tinham de semelhantes, agora não poderiam ser visto separadamente – pensa em um, era buscar o outro. Aquele vínculo sem explicação, com tudo para dar errado, mas desejado fortemente. A atração, fisicamente constatada, que por nada conseguiria ser quebrada. Enquanto um existisse, o outro persistiria.

Um relato que não explica o amor do Mar, pela Lua, mas que amor pode ser explicado? Que paixão revela alguma razão? Que romance verdadeiro carrega em si o aspecto de possível? Só mais um romance, talvez o mais forte de todos, persiste a distancia, as diferenças e ainda assim promove o respeito das diferenças, carregando em seu âmago apenas o desejo de ver o outro completo – e para o deleite de cada um, o Mar completa a Lua, tão bem quanto a Lua completa o Mar.

- you gave my life direction ;


your sweet moonbeam
the smell of you in every single dream I dream
I knew when we collided
you're the one I have decided
who's one of my kind

 
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