quarta-feira, junho 10, 2009

- dia novo

" Sou como você me vê.
Posso ser leve como uma brisa ou forte como uma ventania,
Depende de quando e como você me vê passar."

Chuva.Mais um longo, frio e molhado dia de chuva. Por algum motivo, talvez obvio, ela lembre as lágrimas de uma pessoa angustiada. O faz pensar: quem inventou a teoria de que chorar alivia a alma? O coração joga um peso para o lado externo, mas em compensação, a cabeça ganha uma amarga dor.
Talvez seja justo dizer que quando finalmente deixa-se o sentimento chegar aos olhos, o drama emocional passa a ser racional. Sim, daí partem as teorias de que chorar alivia e dá clareza para pensar e decidir.
Cenas melancólicas, geralmente, são compostas de muitas lágrimas e chuva. Um dia mais frio e úmido faz proliferar as dores da alma, que todos fazem tanta questão de esconder. Olhar perdido, pensamento ordenado (sim, porque quanto maior a dor, mais concentrado tornam-se os pensamentos) e as tão famosas lágrimas.
Nesses momentos tristes ninguém parece lembrar da infância, quando uma tarde de chuva era motivo de alegria. Crianças correndo e pisando em poças, e a água de seus rostos sendo exclusivamente as que vinham do céu. Quando crescem, raramente – para não dizer nunca -, dão-se ao prazer de repetir as brincadeiras. Tudo fica preso a sentimentos ruins, é a tristeza que manda no ser.
Chuva.
Mais um longo, frio e molhado dia de chuva. Com uma novidade: sem lágrimas.
Teu Segredo
Flores envenenadas na jarra. Roxas azuis, encarnadas, atapetam o ar. Que riqueza de hospital. Nunca vi mais belas e mais perigosas. É assim então o teu segredo. Teu segredo é tão parecido contigo que nada me revela além do que já sei. E sei tão pouco como se o teu enigma fosse eu. Assim como tu és o meu.
Clarice Lispector

 
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