domingo, setembro 11, 2011

vazio ;




Mais uma vez ela olhava para o céu, distraída em pensamentos, ainda que não estivesse pensando em nada. Não era uma contemplação, se alguém perguntasse se existia alguma estrela no céu aquela noite, não saberia dizer. Observava o vazio, em silêncio, sem medo de ser questionada pelo que fazia – e se fosse, diria apenas que estava admirando as estrelas.


Talvez não existisse céu, e o que ela olhava era apenas o seu reflexo. Vazio. Poderiam existir nuvens que caminhassem docemente pela sua vastidão, estrelas que prediziam um dia de Sol ou até mesmo silenciosos relâmpagos, quebrando a calmaria noturna. Entretanto só conseguia se concentrar na parte escura que o dominava. Será que isso era ver o copo meio vazio? Incomodada em se sentir pessimista, fez todo o esforço possível para enxergar além do que estava vendo. Não, era apenas um céu solitário, assim como ela.


Não, no fundo sabia que estava errada. A noite não era solitária, só porque faltava tudo aquilo que lhe era tão característico. Na verdade era uma pena que apenas noites estreladas, ou tempestuosas, fossem consideradas bela. No final das contas, nunca seria uma noite solitária, apenas saudosa. Não há motivos pra se sentir sozinha, afinal, amanhã lá estarão as estrelas, as nuvens, os raios...


E é justamente por isso que ela olha tanto o que está acima, mas não consegue fazer caminhar seu pensamento. Seria essa a sua diferença para com o céu, ou a sua semelhança? A saudade das estrelas que irão aparecer no dia seguinte, ou a ausência de expectativa da companhia?

 
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