sábado, setembro 10, 2011

minha cor ;

A maioria pensa com a sensibilidade, eu sinto com o pensamento.
Para o homem vulgar, sentir é viver e pensar é saber viver.
Para mim, pensar é viver e sentir não é mais que o alimento de pensar.
Fernando Pessoa


Homens que precisam ser admirados, ter um emprego que lhe confira algum valor, ser um canalha com as mulheres, fanáticos por futebol ou qualquer esporte que envolva derramamento gratuito de sangue; encontram a mulher perfeita, se apaixonam, fazem planos, casam e a rotina aparece – e aí se tem a desculpa justa para procurar aventuras, mas tudo acaba cansativo e você volta para o seu seio familiar, educando moralmente seus filhos e se usando de exemplo para eles.

Mulheres que desde crianças são educadas para sonharem com o príncipe encantado, a serem fiéis, darem valor ao próprio corpo e serem educadas. Estudar, ser bonita, engraçada e inteligente – não muito, afinal ninguém gosta de se sentir oprimido. Ter uma carreira e ser bem sucedida, ou não ter uma e sonhar com um lindo casamento. Ter uma carreira e sonhar com um casamento. Festa, vestido de noiva, o cara perfeito (depois de tantas desilusões). Amor, amor, problemas, amor e filhos. A realização feminina em ver os filhos crescerem, ignorar as tristezas – desilusões do casamento, do trabalho, da família – e, depois de anos de vida, se sentir feliz porque viu seu lindo filho encontrar uma moça legal e formar uma família.

Mas que diabos de mundo é esse? Onde é que entra o meu maldito direito de pintar o mundo da cor que eu quiser? Minhas escolhas, meus talentos, os meus defeitos, nada disso parece importar no mundo pré-moldado. Não me interessa se todo mundo quer seguir no caminho A, eu crio um B se for preciso. Definitivamente passa longe de querer ser diferente, de ser rebelde, é só querer poder escolher por onde vou. Nem todo mundo quer o mundo cor de rosa.

Não tenho que ser inconseqüente porque sou jovem, e muito menos ser rodeada de gente, ou morrer por passar os finais de semana em casa. Pouco me importa se a música da moda é a minha ou não, e nem de longe sou obrigada a achar ‘bacana’ só porque está no topo. Tudo que sobe, desce. Porque deixar a roupa guardada, só porque a moda da voltas? A moda dá voltas, o mundo também, mas eu não – quem dá voltas, no final da história, nunca saiu do lugar.

Qual é a melhor cor para pintar seu céu particular, só você pode saber. Então porque alguém tem que padronizar as cores do meu paraíso? Ninguém é o mesmo todos os dias, talvez hoje ele seja rosa, amanhã azul e no fim de semana um verdadeiro verde em tom neon. Cada um viva como quiser, e depois se entenda com o futuro que tiver. Mudar sempre, ou não mudar nunca. 

Casar, não casar, ser um pegador convicto ou se devotar a castidade; ter amigos, ser isolado, ou ter os dois quando tiver vontade; ter um visual diferente, ser como todo mundo, gostar da música da moda ou viver preso aquela música que é mais velha que a sua avó. Fazer planos, ser irresponsável, beber muito ou virar um hippie que nem ao menos toma banho. Nada disso é da conta de qualquer outra pessoa que não seja você – se for passar por problemas por ter opiniões diferentes demais, qual é o problema? A vida não tem graça sem alguns pedregulhos no caminho.

 O mundo não vai mudar, e vão continuar sempre ditando o que se deve ser, como se comportar ou o que esperar da vida. Para alguns o plano perfeito vai funcionar, e para tantos outros será só mais uma ilusão de felicidade – afinal, nem ao menos se pode escolher se realmente quer ser feliz. Essa não é uma tentativa de mudar o mundo, nem muito menos explicar o porquê faço esforço para não cair na mesma estrada. Só se deve explicações a si mesmo, e de todos os erros que posso cometer na vida, pelo menos esse não vou: nunca vou me arrepender por não ter sido eu mesma, às vezes com dificuldade, mas lutando pra respeitar ao que realmente quero e não ao que me obrigam a desejar.

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